“Vai, não deixes que reine na tua alma a ideia de que a verdade é o que dizes, e nada mais. As pessoas que imaginam só elas terem razão e possuírem ideias ou palavras desconhecidas dos outros, essas pessoas, abre-as: nelas só encontrarás vazio. Para um homem, mesmo para um sábio, instruir-se sem cessar nada tem de vergonhoso. E também não é vergonhoso deixar de se obstinar”.
Sófocles, Grécia antiga, Antigona, 441 a. C
Como sociedade iniciática e secreta, a Maçonaria adopta para o ensino das suas doutrinas e práticas filosóficas, um método muito diferente daquele que geralmente é usado pelos demais agrupamentos espirituais, bem como pelas escolas de ciência clássica e saberes tradicionais, uma vez que o seu método de ensino consiste na interpretação intuitiva dos seus símbolos.
Na verdade, é um método único, que dispensa magistérios e outras formas tradicionais de ensino. Todavia, sendo um método eminentemente autodidáctico, o Maçom só adquire o conhecimento maçónico, que for capaz de captar através das suas pesquisas, das suas investigações e dos seus estudos. Contudo, é através da leitura, da reflexão e do são convívio, concomitante de aluno e professor, que o Iniciado alcança os indispensáveis conhecimentos que lhe permitirão interpretar os segredos da Natureza e da Vida, que lhe possibilitarão aprimorar a mente, melhorar o seu intelecto, e aperfeiçoar a sua personalidade.
Porém, a tarefa não se apresenta fácil, uma vez que o mesmo símbolo, para além de permitir a evolução nos vários graus do conhecimento maçónico, poderá também ser entendido de maneiras muito diferentes em cada um destes. Aliás, se um símbolo admitisse apenas uma única interpretação, este não seria um verdadeiro símbolo.
Por outro lado, para além da interpretação dos símbolos ser pessoal, e estes terem significados próprios em cada comunidade filosófica que os adopta, podem ainda ter muitas interpretações, sendo por isso considerados chaves esotéricas, as quais variam de acordo com as organizações que os utilizam.
Na verdade, na vida tudo poderá ser um símbolo, e descobri-los torna-nos mais pensantes, mais livres e mais sábios. Pelo que podemos considerar que a interpretação dos símbolos é o Inefável Segredo do verdadeiro Maçom.
Em suma, a instrução de qualquer Maçom só poderá depender do fruto que este colhe, que embora pareça ser uma tarefa fácil, uma vez que tudo poderá ser um bom material de construção para a edificação do seu Templo da Sabedoria, no entanto, porque a procura dos melhores materiais de construção terá que ser criteriosa e selectiva, para que o Templo Interno a edificar seja forte, belo e perfeito, a tarefa não se apresenta nada fácil.
Por outro lado, semelhante sistema de instrução impede que o Mestre Maçom nada de explicito possa ensinar ao neófito, para além de subtilmente lhe demonstrar como poderá aperfeiçoar os seus instrumentos de obtenção e captação do saber místico e filosófico.
Assim, o processo de ensino maçónico distingue os seus discípulos dos demais, porque lentamente, os transformará em pesquisadores solitários, que não conhecem nem lhe é permitido o conformismo espiritual, o que os conduzirá a considerar, que tudo o que a imperceptível voz do seu coração rejeite, não existirá para estes. E tanto mais, que o verdadeiro Maçom sabe que a Verdade em que se crê hoje, pode não ser a Verdade de amanhã.
Sem comentários:
Enviar um comentário